Já estava quase que completamente recuperada do acidente, ainda estava usando muleta para me locomover, mas já estava bem melhor, a cicatriz estava quase imperceptível.
Tanto ela, como as placas de titânio,
as cicatrizes dos pinos estavam na minha perna, me farão lembrar para sempre
daquele fatídico dia.
Depois do dia em que pedi o divorcio
no hospital, eu o vi mais algumas vezes no quarto, ele entrava e ficava parado
me olhando, eu fingia estar dormindo, não queria ter que olhar, ou falar com
ele mais, ao menos naquele momento.
Decidi seguir a minha vida com os
meus filhos, fiquei super feliz quando a Sophia veio ficar o finalzinho da sua
gestação comigo, só assim eu poderia ficar perto dela e da minha neta.
Bruno on
Eu permaneci indo visitar a Agatah freqüentemente,
mas somente quando ela estava dormindo, eu lamentava profundamente, mas tinha
que aceitar a sua decisão.
Depois que ela voltou pra casa, eu
ainda não tinha ido ate la, eu pedia ao Dre para buscar os gêmeos, ou pedia ao
Greg para trazer eles para sair comigo, eu estava evitando vê-la, não queria
que se aborrecesse ainda mais comigo. Eu tinha decidido aceitar o seu pedido de
divorcio, eu errei, e tinha que pagar pelo que fiz, sei que ela não iria mudar
de ideia, pois conheço o seu temperamento, e as suas decisões, e quando voltamos prometemos que seria a nossa ultima chance.
Estava levando as crianças para casa
depois de passar o dia com eles, e decidi que hoje seria diferente, e que ao invés
de pedir para o Dre levá-las, eu mesmo as levaria, tudo bem que não somos mais
um casal, mas poderíamos ser ao menos amigos, afinal tínhamos 4 filhos e uma
... Ainda não consigo falar esta palavra.
Passei em uma floricultura, comprei
buque de rosas brancas, amarelas, champanhe, e vermelhas que simboliza paz,
amizade, e solidariedade, e respeito. Apesar de amá-la ainda, queria mostrar
que entendia o meu erro, e que aceitaria que o nosso relacionamento tinha
acabado de vez.
Chegamos na sua casa, e ela estava
sentada no sofá lendo uma revista. Já fazia pouco mais de quatro meses que não
a via, ela estava diferente, ainda estava abatida, não consegui ver o seu rosto
pois ela estava de costas, mas ela estava visivelmente mais magra e abatida.
-Dona Agatah, a senhora tem
visita!<disse Demetria a alertando>
Senti o meu coração se partir ao
ve-la se levantar com a ajuda de muleta, me senti muito mal ao ver e saber o quão
mau eu fiz a uma mulher incrível, a única mulher que eu amei na vida. Ela se
levantou calmamente, e se virou para ver de quem se tratava, quando ela me viu
senti uma tristeza enorme em seus olhos, alem da decepção que era mais do que visível.
-Ola Bruno, tudo bem?
-Esta!<não>... E você?
-Bem!<foi relativamente seca>
-Trouxe para você!<me aproximei
lhe entregando as flores>
-Obrigada!... Senta por
favor!<apontou o sofá pra mim>
-Obrigado, não quero te atrapalhar!
-Demetria!... Por favor, coloque-as
na água pra mim, por gentileza!<as entregou>... Esta tudo bem, não tenho
muito o que fazer!
-Quer ajuda?<me ofereci ao ver a
sua dificuldade em sentar>
-Não obrigada, já estou me
acostumando a fazer isso sozinha!<sentou-se em outro sofá longe de mim>
Um silencio constrangedor se
instaurou naquela sala, por um momento me perguntei o que vim fazer aqui,
constatar o quão mal eu fiz a ela, o péssimo marido que fui. Fiquei observando
o seu rosto por uns segundos, na realidade estávamos nos encarando, um sem ter
o que falar para o outro.
-Desculpa demorar tanto para vir, mas
e que...
-Esta tudo bem!... Voçe não tem
nenhuma obrigação de vir me ver, afinal não somos mais nada um do outro!<as suas palavras me acertaram em cheio, me deixando meio atônito>
-Mesmo assim, eu sou o seu amigo
acima de tudo...
-Oras Bruno, não vamos forçar a barra
em, algo que não existe!... No máximo, somos pais dos mesmos filhos!<a olhei
perplexo, ela tinha se tornado outra pessoa depois do acidente>
-Voçe esta muito mudada...<disse relativamente baixo>
-Sim, depois que quase se perde a vida, começa
a ver o que realmente vale a pena nesta vida!... E o nosso casamento,
infelizmente não valeu a pena!
-E a nossa amizade?<ela apertou os
olhos parecia tentar conter as lagrimas>
-Eu não sei... A proposito, eu vou me
mudar! <disse após respirar fundo>
-Mudar?... Mas...
-Eu não aguento mais ficar nesta
casa, ela me sufoca, e tudo me lembra... Voçe!... Voçe faz parte do meu
passado, e eu não quero mais ficar aqui!<senti o meu peito apertar, mas
infelizmente eu não poderia tentar impedi-la>
-E os meus filhos, como vou vê-los?
-Ah, Bruno, voçe nem vem buscar, ou leva-los, pede aos outros!... E só continuar fazendo isso!
-Como esta a Sophia?<perguntei trocando
de assunto, já estava ficando desestabilizado>
-Esta no quarto, ela esta um pouco
inchada ultimamente, sabe como são os últimos meses, ficamos parecendo uma orca
encalhada!<enfim ela sorriu como eu sentia falta daquele sorriso>
-MÃE!<ouvimos Sophia gritar do
segundo andar>
-SOPHIA!<ela se levantou com certa
dificuldade>
-Deixa que eu vou!
Subi rapidamente para o segundo
andar, chamei pelo seu nome e ela pareceu na porta do quarto, segurando a
sua enorme barriga de nove meses, e com a roupa molhada, ela me olhou com
surpresa e sorriu.
-Pai, a minha bolsa estourou, ela vai
nascer!
-Calma meu amor, o papai ta aqui ta
bom?<segurei em sua cintura>
-O que foi filha?<vimos a Agatah
aparecer no corredor>
-A minha bolsa estourou mamãe!<disse
sorrindo>
-Eu vou pegar a sua bolsa, e a da
bebe!... Por favor Bruno, a ajude a entrar no carro?
-Claro!
Descemos com cuidado e eu a coloquei
no meu carro, ela disse que estava sentindo dores, e que estava com muito medo,
eu tentei acalmá-la, e dizer que estava tudo bem. Algum tempo depois a Agatah
apareceu e disse que era no carro dela, eu rebati dizendo que as levaria.
-Não precisa se incomodar, eu a levo
no meu carro, ou peço ao Greg, ele esta em casa!<disse destravando o alarme do carro
dela>
-Ela já esta dentro do carro Agatah,
eu levo vocês, não me custa!
-Já disse que não, eu vou levar a
minha filha para o hospital!
-Para de ser turrona!... Nos só nos
separamos, não vamos dar inicio a terceira guerra mundial!
-Quem esta fazendo drama, e tentando
iniciar uma guerra aqui, e você!
-Por favor, eu não queria atrapalhar
este momento tão lindo!... MAS E QUE A "NETA" DE VOCÊS, ESTA A FIM DE VIR AO
MUNDO, E NÃO ESTA NEM UM POUCO A FIM DE ESPERAR "VOCÊS" PARAREM DE
DISCUTIR!<gritou de dentro do carro>
Nos olhamos, e ela a muito contra gosto
entrou no meu carro. Seguimos para o hospital e a cada contração que a Sophia
sentia, eu ficava ainda mais nervoso. Para completar o nosso desespero, o
transito estava caótico, e completamente parado.
Para tentar distraí-la eu resolvi
perguntar se ela sabe algo do Cris, afinal a filha dele vai nascer.
-Você tem falado com o
Chris?<olhei pelo retrovisor e vi a Agatah torcer os lábios como “que
pergunta e esta, a uma hora destas”>
-Eu não falo com ele a um tempo, ele
nem sabe da nossa filha!... Eu só peço a Deus para ele estar bem!<disse
respirando fundo e forçadamente>... Vem uma contração mãe AAAAAAAAAAAAAAA!
A vi segurar firmemente na mão da mãe,
e imediatamente me lembrei do dia em que a Agatah teve os gêmeos, ela quase quebrou a minha mão. Foram momentos felizes que agora só serão vivos nas minhas
lembranças. Olhei pelo retrovisor novamente, e ela alisava o rosto da nossa
filha pedindo calma, e que daqui a pouco ela iria ver o rostinho da filha.
Alguns minutos depois, o transito foi
liberado, e uns vinte minutos mais tarde, e 4 contrações, estávamos chegando no
hospital. A Agatah seguiu com ela, e eu fui fazer a sua ficha de entrada. Algum
tempo depois segui para uma sala de espera. Passei por algumas, e vi uma mulher
conhecida em uma delas, ela estava brigando com uma enfermeira, fiquei
observando o seu rosto, e logo reconheci.
-Lindsey?<disse assim que a
enfermeira saiu>
-Bruno!<disse bufando>...Estava
demorando!
-O que você esta fazendo aqui?
-Eu vim ver o meu filho!... O que você
esta fazendo aqui, como você ficou sabendo que ele estava aqui?... Você não e
nada dele, não tem nem que estar aqui!
-Ei, espera um pouco, o Chris esta
aqui?... O que aconteceu?
-Ele foi atingido na maldita guerra!...
Mas foi na perna, ele já esta bem, ele estava sendo atendido la, mas pedi para transferi-lo
pra cá, mas lógico, não este hospital!!
-Ele esta bem?<disse aflito>
-Sim, esta!... Mas se você não veio vê-lo, o que esta fazendo aqui?... A sim claro, a barata sem cor deve trabalhar
aqui!
-Não fala assim dela Lindsey!... A
minha filha esta tendo bebe!
-Ora, ora, o Bruno Mars vai ser...
-Menos Lindsey, muito menos!... Mas não
fica alegrinha não, por que a avó e você!<sorri sarcasticamente>
-<sorriu>... Ate parece, nem
brinca uma coisa destas!
-E verdade!
-Ele estava na guerra, impossível...
-Pelo que entendi, o vôo dele foi
cancelado, e ele só embarcou no outro dia pela manha correto?... Eles estavam
juntos!<me lembrei de como adorava ver a sua cara de espanto>... Em qual
quarto ele esta?
-309!<ela parecia esta em estado
de choque>
-Parabéns vovó!<sai da sala>
-CALA A
BOCA!
Consegui ouvir o seu grito do corredor, e foi impossuível conter o sorriso. Segui para
o quarto 309, estava ansioso para vê-lo, acima de qualquer coisa eu ainda o
considero como filho. Adentrei ao quarto, e ele estava sentado olhando para a
TV, ele desviou o olhar pra mim e sorriu surpreso, vi o seu rosto se iluminar,
e provavelmente o meu também estaria assim. Me aproximei dele sem conseguir
conter o sorriso no rosto, e o abracei fortemente, já se faziam 6 anos que não
o via, ele estava diferente, estava forte, barbudo, e com cara de homem.
-Como você
esta filho?
-Estou
bem!... Pai!
-O que você
aprontou ai hem?... não mandei você tomar cuidado?
-Desculpa!...
Foi uma bala de fuzil, ela atravessou, não pegou em cheio o osso, se tivesse
pego, estava amputado agora!<sorriu>
-Vira esta
boca pra la garoto!<dei um tapa em sua cabeça>... De garoto você não tem
mais nada né?
-Não!... Há
muito tempo!<dei outro tapa nele>... Ai, o que foi agora?<passou a mão
na cabeça>
-Você e a
Sophia!... Eu deveria te jogar la em baixo, sem do!
-Calma!... Você
sabia melhor do que ninguém, que a Sophia e eu nos amamos, não sabia?
-E, eu
sabia!... E o fruto do amor de vocês, esta vindo ao mundo no andar de cima!
-Do que você
esta falando?
-E isso
mesmo, a sua filha, esta vindo ao mundo, acho que agora mesmo!
-Filha!...
Minha filha?<o seu sorriso era enorme agora>
-E a sua
filha!
-Vai ser
vo...
-Shiiiiii, não
precisa, não precisa!<ele sorriu>
Fiquei um
tempo com ele conversando, e matando a saudade, de uma certa forma estava
tentando me distrair para não ter um treco, ao saber que a minha menininha
estava dando a luz a outra menininha, queria dar um tempo ate a bebe nascer, eu
estava tenso com o seu nascimento, e eu queria ficar aqui matando a saudade do
meu filho/genro/pai da minha... Um dia eu consigo falar esta palavra.
Depois de
um tempo, umas três horas mais ou menos, uma enfermeira veio me avisar que ela
tinha nascido, eu disse que iria vê-la, e lógico ele quis ir juntos.
Acomodaram
ele em uma cadeira de rodas, e seguimos para o andar superior, adentrei ao
quarto sozinho, queria fazer uma surpresa para ela.
Ela estava
com aquele lindo embrulhinho cor de rosa nas mãos, estava com os olhos
marejados, e com o semblante cansado, mas mesmo assim estava radiante. Ela me
olhou e sorriu timidamente, me aproximei dela, e lhe dei um beijo no rosto, no
qual ela retribuiu. Olhei para o pacotinho rosa no seu colo, e foi impossível
não se apaixonar, ela era linda, e de cara já dava para identificar que ela
seria bem a mistura dos dois. Ela perguntou se eu queria segurar, eu a olhei e
me curvei para pega-la no colo, ela reclamou um pouco mas logo se acomodou no
meu peito, a balancei um pouco e logo ficou quietinha de novo.
-Ela gostou
de você!<disse a Agatah nos olhando>
-E eu estou
apaixonado por ela!<sorri>
-Ih, mas
que vo...
-Dispenso Sophia!<sorriu>
Por que todo mundo insiste em ficar falando isso, eu sei que ela e sangue do meu sangue, eu vou ama-la com todas as minhas forças. Eu vou me acostumar a ser chamado de... Isso ai que se chama.
-Mas ela é, e não tem como você negar isso!<disse Agatah me encarando seriamente>
-Eu sei
disso, só ainda não me acostumei!... Eu tenho uma surpresa pra você!<olhei
para a Sophia, e a entreguei a menina>
-Surpresa?...
O que será?<sorriu>
-Não sei,
mas acho que você vai gostar! <fui ate a porta>
Abri a
porta e lhe dei espaço, ele entrou empurrando a cadeira sozinho, ela o encarou incrédula,
eu o empurrei para perto dela que abaixou
ao máximo a cama, ate conseguir abraçá-lo, e beijá-lo.
Confesso
que vê-los se beijando me deixou muito incomodado, mas o sorriso dos dois ao
ver a filha, superou qualquer incomodo.
Agatah on
O parto da
Sophia ate que não foi difícil, ela conseguiu se controlar e fazer bem a sua
parte. Depois de algumas horas ela deu a luz a uma menina linda, eu fiquei
completamente apaixonada por ela.
Depois do
parto quando ela já estava no quarto, o Bruno apareceu dizendo que tinha uma
surpresa para ela, e foi impossível conter a emoção, ao vê-la olhando para o
Chris, era notório o amor que eles sentiam um pelo outro.
Depois de matarem a
saudade, e ele ficar babando em cima da filha, eles decidiram escolher o nome
dela. Apesar de tudo estava muito satisfeita, por ver a minha filha tão feliz.
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