A manha passou extremamente rápido, a
tarde chegou, e com ela muito trabalho na emergência da clinica. Dei o meu
melhor e cuidei para não me atrasar na hora de ir para casa, estávamos seguindo
a risca o que tínhamos combinado quando nos casamos, ter um pouco mais de tempo
para a nossa família todos os dias.
Antes de ir embora a Daiana disse que iria
ligar para o Dr. Daniel, e marcar o nosso almoço para o dia seguinte, depois da ligação na qual ele confirmou presença, nos despedimos e eu fui para casa. O transito
como sempre estava terrível, então decidi colocar uma musica para dar uma
relaxada, e aliviar um pouco a tensão do dia.
Enquanto estava parada no sinal,
liguei o radio e estava tocando Viva la vida, fiquei tamborilando os meus
dedos no volante, e cantarolando umas partes da letra.
-I used to rule the world
Eu costumava dominar o mundo
Seas would rise when I gave the word
Oceanos se abriam quando eu ordenava
Now in the morning I sleep alone
Agora pela manhã durmo sozinho
Sweep the streets I used to own
Varro as ruas que já foram minhas
I used to roll the dice
Eu costumava rolar os dados
Feel the fear in my enemy's eyes
Sentir o medo nos olhos dos meus
inimigos
Listened as the crowd would sing
Ouvia enquanto a multidão cantava:
"Now the old king is dead! Long
live the king!"
"Agora o velho rei está morto!
Vida longa ao rei!"
One minute I held the key
Em um minuto eu segurava a chave
Next the walls were closed on me
No outro as paredes estavam fechadas
contra mim
And I discovered that my castles stand
E eu descobri, que meus castelos se
apoiavam
Upon pillars of salt and pillars of
sand
Sobre pilares de sal e pilares de
areia...
Não sei muito bem, mas eu me sentia como esta
musica a algum tempo atras, sentia que a minha vida estava sendo sustentada por
pilares de areia, e que a qualquer momento ela se ruiria e viria ao chão, me
deixando completamente sem teto, e desamparada. Tudo bem que em alguns momentos
eu me vi no fundo do poço, mas para a minha felicidade, eu descobri que ainda não era o fundo, e eu não precisaria chegar ate ele se não quisesse. Era bom
saber que tinha feito a escolha certa, e que agora tudo estava como eu sempre
quis.
Depois e uma hora mais ou menos eu
estava chegando em casa, como já passava das cinco, todos já estavam em casa,
inclusive o Nick .
-Eu pensei que vocês só chegariam mais
tarde!... Afinal pegaram depois do horário habitual!<disse assim que lhe dei
um beijo>
-E, na realidade, só eu que vim, o meu
pai ficou mais um pouco, ele disse que iria resolver mais uns problemas, e que só voltaria no inicio da noite!<disse sem tirar o olho da TV>
-Hum... Tudo bem então ... Já tomou
banho?... Se não tomou, toma para a hora do jantar!<disse enquanto subia
para o andar superior, o ouvindo resmungar algo>
Depois de falar com a Sophia que já estava no notebook estudando, assim ela disse, eu segui para o quarto das
crianças. Apos beija-los e matar um pouco da saudade, eu fui fazer o curativo
no Thom, ele reclamou um pouco, mas nada de grave.
Ajudei a Kethirn com o banho
deles, era algo meio que raro, mas e bom ficar com eles um pouco mais. Depois
disso eu segui para o meu quarto, tomei um banho vesti algo confortável, e me
sentei na cama com um livro em mãos. Já fazia um tempo que eu não lia nada sem
ser direcionado a medicina, então eu resolvi começar a ler um romance.- Noites
de Tormenta - Nicholas Sparks.
"Sinopse:
Noites de Tormenta acompanha as vidas
de Adrienne Willis e Paul Flanner. Ela, uma mulher de 60 anos que dedicou a
vida aos filhos, netos e ao trabalho, e que ainda acredita no amor como
condição essencial para uma vida plena. Ele, um médico conceituado, com
problemas de relacionamento com o filho. Ela busca refúgio em Rodanthe, pequena
cidade na Carolina do Norte, indo passar um fim de semana na pousada de uma
amiga. Ali espera encontrar a tranquilidade de que precisa desesperadamente
para refletir sobre os conflitos que a angustiam. Pouco depois de sua chegada à
pousada, ouve-se a previsão de uma grande tempestade, e o Dr. Flanner chega à
cidade. Único hóspede da pousada, ele não está atrás de um final de semana de
descanso, e sim enfrentando uma crise de consciência. A dinâmica narrativa, com vai e vem entre
passado e presente, revelará dúvidas, conflitos, contradições, cicatrizes e
dores carregadas pelo destino que uniu esse casal, e o efeito que essa união
trouxe para o amadurecimento familiar de ambos os lados."
O livro era realmente muito bom, já estava quase na metade, quando decidi parar um pouco para ver as horas, já que
o Bruno ainda não tinha chego, e o único barulho que se ouvia era o das
crianças brigando por algum motivo, e a Kath tentando faze-los parar.
Me assustei um pouco ao constatar que já passava das oito e meia, e ele ainda não tinha chego, fui ate a janela e
olhei para o exterior, e nada vi, a rua estava escura, e a maioria das pessoas já deveriam estar em suas casas, mas ele ainda estava na rua, fazendo-la se
saber o que no estúdio. Fui dispersa dos meus pensamentos pela Sophia entrando
no quarto.
-Mãe!... Esta tudo bem?
-Esta!... Por que não estaria?<a
olhei de relance e voltei a fitar a rua>
-E que o papai ainda não chegou, e vocês sempre estavam em casa ate antes do lanche as vezes!<sentou na minha
cama>
-Eu não .. Ele deve estar atarefado no estúdio <isso não era exatamente o que eu estava pensando, mas foi a
desculpa que saiu>
-Vamos espera-lo, ou podemos
jantar?... E que eu preciso acordar cedo amanha, e já estou cansada!
-Vai jantar com os seus irmãos!... Eu vou
espera-lo por mais um tempo!< a olhei e sorri>
-Tudo bem!<se levantou e veio ate
mim>... Não gosto de te ver triste!<me abraçou por trás>
-Eu não estou triste meu amor, só estou pensando em alguns assuntos da clinica!<sorri alisando o seu braço
envolto em minha cintura>
-Qualquer coisa eu estarei aqui!<me
beijou>
-Eu sei!<sorri>
Ela saiu e eu permaneci ali parada na
janela fitando o nada, acho que involuntariamente estava esperando ele chegar, já fazia muito tempo que ele não estava em casa ao anoitecer. Fui dispersa dos
meus pensamentos pelo meu celular, senti o meu coração acelerar, e varias
coisas passarem pela minha cabeça em fração de segundos, peguei o mesmo e olhei
no visor, era um numero desconhecido.
-Alo!<disse meio receosa>
-Dr. Agatah, sou eu, Daniel!
-Ola Daniel, tudo bem?
-Sim!... Desculpa pelo horário, mas e
que eu só consegui ligar agora!
-Tudo bem!... O que voçe deseja?
-Então, e que a Dr. Daiana me ligou a
seu pedido, e marcou as 13:00 da tarde no restaurante próximo a clinica!... Mas
e que eu queria saber se não teria problema de anteciparmos, e marcar para as
12:30?
-Tudo bem, por mim não tem problema, e
eu sei que para ela também não terá!
-Estamos marcados então!... Ate
amanha, e mais uma vez me desculpe por ter ligado a esta hora!<sorriu>
-Daniel!... Como voçe descobriu o meu
telefone pessoal?
-Ah, claro, e que eu fui ligando,
ligando!<ele conseguiu tirar um sorriso de mim>... Brincadeira, eu liguei para clinica, mas voçe já tinha saído, então eu pedi o seu telefone a sua secretaria, e disse que era o
seu amigo de anos!... Não tem problemas ne?
-Não, tudo bem!... Então ate
amanha!<disse com um tom de voz extremamente baixo>
-Desculpa e intromissão! ... Mas e que
eu estou notando que voçe não esta legal!... Esta acontecendo algo que eu possa
te ajudar?
-Psicólogos, sempre os
mesmos!<sorrimos>... Não, eu estou bem, só um pouco cansada!
-Claro!... Bom, mais uma vez boa
noite, e ate amanha!<respirou fundo como se estivesse lamentando por
desligar>
-Ate amanha!<desliguei>
Olhei pela janela, e o carro do Bruno
estava parado no portão, totalmente desligado, apenas ali parado, parecia estar
se preparando para entrar em casa, ou algo parecido, senti o meu peito apetar,
e um desconforto enorme na mesma região. Eu fiquei olhando por alguns segundos,
ate ouvir o meu telefone tocar novamente.
-Alo!
-Agatah, sou eu Ryan!
-Ola Ryan, esta tudo bem?
-Sim, comigo sim!... Aconteceu algo
com o Bruno?
-Que eu saiba não!... Por que?
-E que eu estou tentando ligar para
ele desde as cinco da tarde e não consigo, esta dando desligado, e eu preciso
falar com ele!
-Por que voçe não ligou para o estúdio, ele não estava la?
-Eu liguei, mas ninguém atendeu!...
Ele ainda não esta em casa?
-Ele acabou de chegar!<fui ate a
janela e constatei que o seu carro já tinha entrado>... Acho que voçe já pode ligar pra ele!<fui seca>
-Tudo bem, obrigado!<desligamos>
Eu não queria nem imaginar o que ele
poderia estar fazendo fora de casa, se não estava no estúdio. Esperei ele
entrar no quarto, para saber aonde ele estava, e o que tinha acontecido. Alguns
segundos depois ele entrou falando ao telefone, provavelmente o Ryan. Eles
falavam algo sobre contrato e coisas assim. Ele passou por mim dando apenas um
beijo no rosto, e seguiu para o banheiro, eu me sentei na cama e fiquei
esperando ele sair do banheiro, mas como ele demorou muito decidi entrar.
-I need your love, I need your time,
When everything's wrong, You make it right, I feel so high, I come alive,I need
to be free with you tonight, I need your love...
Preciso do seu amor, Preciso do seu
tempo, Quando está tudo errado, Você faz dar certo, Me sinto tão, importante,
Vivo, Preciso ser livre com você esta noite, Preciso do seu amor... <ele
cantarolava enquanto se banhava, foi impossível não sorrir ironicamente>
-Esta tudo bem?<interrompi o
assustando>
-Estou sim amor!... Ouvi esta musica e
me lembrei de voçe!<sorriu>
-Hum...!
-Cade as crianças desta casa?<disse
enquanto sai do box enrolado no roupão>
-Já devem estar quase dormindo!...
Afinal voçe demorou hoje né? <cruzei os braços na altura do peito e o
encarei>
-E, eu tive alguns problemas para
resolver de ultima hora, e acabei tendo que ficar mais!<saiu do banheiro e
seguiu para o closet>
-O Ryan me ligou ainda a gora, e disse
que ligou para o estúdio, e ninguém atendeu!<me sentei na cama>
-Acredita que que quando a secretaria
saiu, esqueceu o telefone fora do carregador?<saiu vestido para dormir>
-E o seu celular?... Digo, o Ryan não ligou para ele?
-Ligou, mas eu só vi depois, e que
ele estava no silencioso!<se deitou>
-Não vai jantar?
-Eu já comi algo!... Estou bem!<se
acomodou>
-Tudo bem!<me levantei e segui para
a porta>
-Aonde voçe vai?
-Eu?... Vou comer algo!... Afinal eu
fiquei te esperando para jantar!<fui seca>
Sai do quarto com uma sensação não muito boa, eu não queria nem pensar o que estava acontecendo na nossa vida,
logo agora que estamos tao bem, tao felizes. Ou sera que só eu estou bem e
feliz?
Senti uma dor no peito, desta vez era uma dor física, já havia um tempo,
na realidade uns 4 anos mais ou menos que eu estava sentindo algumas coisas
estranhas, eu tinha decidido que já estava mais do que na hora de ir procurar um
medico, coisa que eu fiz a uns três anos, e não gostei do diagnostico, por isso
fiquei na minha.
Cheguei na cozinha e disse para as meninas que ele não iria
jantar, e que elas poderiam organizar tudo. Eu disse que só comeria uma torrada
com um copo de suco, pois estava meio que sem fome, e era só para não dormir
com o estomago vazio. A Aubrei disse que faria, e levaria na sala para mim, eu
agradeci e sai da cozinha, quando estava indo me sentar no sofá o avistei
descendo as escadas.
-Esta acontecendo alguma coisa que eu
deva saber?<se abaixou a minha frente>
-Voçe retirou as palavras da minha
boca!<o encarei>
-Comigo não esta acontecendo nada!...
Eu só fiquei um pouco mais no estúdio hoje!
-Um pouco mais?... Voçe viu a hora em,
que voçe chegou?
-Só foi hoje amor!... Eu estava
atarefado no estúdio, só isso!
-Só hoje, tudo bem, por enquanto, e
quem me garante que voçe não fara a mesma coisa amanha e depois?
-Engraçado<se levantou> ...
Quando era voçe que estava toda atarefada com a clinica, e chegava quase meia
noite, eu não tinha que falar nada!... Agora quando e comigo, eu sou
praticamente crucificado ?
-Mas se ligassem ou para a clinica, ou
para o meu celular, eu sempre atendia!<disse já sentindo as lagrimas rolarem
pelo meu rosto>
-Mero detalhe! <abriu os braços>
-Para mim, estes detalhes são fundamentais!... São pequenos "detalhes" como este que pode destruir
uma relação!< continuei sentada>
-Voçe quer dizer que por eu ter chego
um pouco mais tarde hoje, o nosso casamento pode acabar?<disse ironicamente>
-Voçe me entendeu, por favor, diz que
voçe me entendeu!
-Eu já não tenho mais te entendido!...
Eu vou dormir por que eu não quero mais discutir com voçe, e piorar ainda mais
a nossa situação!<deu as costas e subiu>
Aonde eu perdi o rumo da minha vida
novamente, eu não estou conseguindo entender, aonde foi que eu errei desta vez,
na realidade eu sei, desde que comecei a visitar o medico sem dizer a ninguém,
que eu tenho mudado, e infelizmente tenho ficado mais fria. Eu não quério acreditar que ele possa estar fazendo algo de errado na rua, ele não fazia
isso... Mais.
Repousei os cotovelos na perna, e abaixei a minha cabeça olhando
para os meus dedos, senti que um buraco estava se abrindo a minha frente, eu não poderia acreditar que estávamos brigando seriamente, depois de tanto tempo.
-Dn. Agatah, o seu lanche!<adentrou
a sala>
-Obrigada Aubrei!... Pode deixar ai na
mesinha, eu já vou comer!<apenas apontei sem levantar o rosto>
Me deitei no sofá, e fiquei olhando
para o teto a fim de encontrar uma resposta para tudo isso que estava
acontecendo na minha vida, estávamos indo tao bem, sem problemas, sem brigas.
Não quero viver todo aquele inferno novamente.
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