Segui para diretoria e me deparei com a secretaria lixando a unha, sendo que tinha uma pilha de papeis na sua mesa para serem organizados. Parei a sua frente e ela me olhou por cima dos óculos com desdem.
-Você e medica nova?
-Você e secretaria nova?
-Com quem você quer falar?<me olhou com cara de tédio>
-Com a Doutora Daiana!
-E quem e você?
-A sua chefe!... A Dr. Agatah Fleminng!<a olhei seriamente>
-Dr. Agatah!<ameaçou a se levantar>
-Nem se de ao trabalho de levantar, a sua falta de ética educação já disse que você e incompetente!
-Desculpe doutora, eu não sabia que era a senhora!
-Independente de quem seja, mesmo que fosse o faxineiro, ele merecia ter a dignidade de ser olhado diretamente na face!... A proposito, você esta demitida!<entrei>...-Acabei de demitir a sua secretaria, arrume outra por favor!<disse entrando de uma vez na sala>
-Agatah!... A meu Deus como você esta linda!... Como assim demitiu a minha secretaria?
-Você também esta linda!... Acredita que ela estava lixando as unhas sendo que estava cheia de trabalho na sua mesa?<se levantou vindo me abraçar>
-Nossa, eu já tinha notado que ela não estava evoluindo muito bem!
-E por que não a demitiu logo?
-Sei la, acho que fiquei com pena!<sorriu>
-Pois eu demiti!... Ela não fez questão de me olhar nos olhos!<me sentei>... E ai tirando este pequeno empecilho, como vão as coisas?
-Ja chegou fazendo faxina!... Estamos levando, a clinica vai muito bem financeiramente, mas os médicos, estão deixando a desejar, tem dois que estão me deixando de cabelos brancos!
-E, eu já notei, e a recepção esta cheia!... So tem 3 médicos no plantão né?
-E, eu já estava terminando aqui, por que hoje eu vou clinicar para tentar desafogar!... Hoje esta cheio, tem mais de 50 atendimentos!
-Então vamos, eu vou clinicar também!
-Serio?
-Claro!... Por que você acha que eu vim de branco?... Para fazer um despacho ali na esquina que não foi!<sorrimos>
-Oba!!... Então vamos trabalhar amiga!
Segui para uma das salas, e apos deixa-la trabalhável, eu coloquei com orgulho o meu jaleco, e liberei a entrada do primeiro paciente. Era um bebezinho de pouco mais de um ano, a mãe estava reclamando que ele não estava evacuando a mais de cinco dias, por isso o bebe chorava muito, e estava com a barriguinha enxada. Dei uma olhada no seu histórico medico para ver se ele não tinha alergia a nenhum medicamento, enquanto fazia isso, pedi a sua mãe que retirasse a sua roupinha, apos isso eu coloquei um par de luvas, e o examinei por completo, dando atenção a sua barriga por conta da prisão de ventre. Apos examinado o encaminhei para fazer uma ultrassonografia abdominal, e quando ela ficasse pronta a mãe voltaria com o resultado para que eu o diagnosticasse, e o medicasse. Ela saiu, e em seguida liberei a entrada do outro. Assim eu trabalhei ate a hora do almoço, onde eu já tinha atendido seis crianças no total.
A Daiana e eu resolvemos ir almoçar juntas, ficamos conversando durante um bom tempo, eu contei a ela tudo o que estava passando, e ela ouviu cada detalhe com a maior atenção do mundo, e quando eu mostrei a mensagem de voz que eu tinha recebido do Bruno, ela disse que se fosse ela voltaria imediatamente para Los Angeles. A semana passou rapidamente, eu consegui conciliar o meu dia o dividindo entre a clinica, e dar atenção aos meus filhos, conseguimos passear bastante, fomos ao cinema, ao corcovado, ao pão de açucara, a paria, enfim, foi uma semana incrível. Hoje já era 31 de dezembro, e como tínhamos combinado, nos iriamos fazer que nem os cariocas (legítimos), passaríamos a virada na praia ,e iriamos para casa cear com a família, no meu caso com as crianças. Eu convidei a Daiana para passar conosco, as dez da noite ela pareceu, ficamos conversando enquanto ela tomava uma taça de vinho eu bebia um drinck sem álcool claro.
Quando deu umas onze da resolvemos ir em direção a praia, seguimos caminhando pela orla que estava completamente lotada, com muita gente bonita, e vários estrangeiros como sempre. Aproveitamos cada segundo ate rolar a contagem, e o espetáculo que e assistir a famosa queima de fogos da praia de Copacabana.
Passadas as festas, a rotina na cidade começa novamente, eu continuei com a minha rotina de ir a clinica pela manha, e ficar a tarde com os meus filhos, eu coloquei a Daiana a par da papelada da filial da clinica em Los Angeles, e eu providenciei de nomear outro diretor para ficar no lugar da Daiana, pois enfim depois de muita conversa eu consegui convence-la de ir comigo, para ficar a frente da clinica para mim, enquanto eu cuidava do meu bebe quando ele nascesse.
Hoje já era dia de 10 fevereiro, todos estavam nas ruas pulando carnaval e se divertindo, eu estava um pouco apreensiva, pois o casamento do Zadeh e em cinco dias, então, eu teria exatamente cinco dias para voltar a Los Angeles, eu tinha perdido dois ensaios de casamento deles, mas eu já tinha me casado, e já tinha ido a alguns casamentos, e pelo que eu vi, e tudo a mesma merda. O Bruno? Bom, ele mandou varias mensagens , ele pedia desculpas, e dizia que me amava constantemente. Se eu ficava balançada? Claro, eu ficava era chacoalhada mesmo, tinha dias que eu queria sair correndo do Brasil e ir para Los Angeles, nem que fosse a nado, mas eu preferi esperar, eu já iria voltar para casa.
Estava terminando de organizar as papeladas da contratação do novo diretor da clinica, quando eu fui interrompida pelo meu celular, o DDI era dos Estados Unidos, mas o numero não era conhecido, eu acabei deixando tocar como sempre, voltei a minha atenção as papeladas e fui interrompida novamente, mas agora era uma mensagem, mas do mesmo numero.
BRUNO ON
No dia seguinte quando eu acordei, eu notei que tinha uma chamada perdida, de numero restrito, e eu tinha certeza que seria ela, eu fiquei com muita raiva por não ter escutado o celular tocar, e ter perdido esta ligação. Depois disso, não só eu, mas como todos que gostam e se preocupam com eles tetaram ligar, passamos dias mandando mensagens e ligando, mas não recebemos resposta alguma vindo dela. Eu mandei inúmeras mensagens dizendo que a amava e que ela era a mulher da minha vida, mas mesmo assim, não obtive nenhuma resposta.
Eu passei a virada do ano em casa, apenas eu, e as minhas garrafas de Whisky, e os meus maços de cigarro, acho que este foi um dos piores anos da minha vida, tudo de errado aconteceu, tudo bem que teve muitas coisas boas, das quais eu pedia a Deus que prevalecessem. O casamento do Zadeh estava próximo, faltavam apenas uns cinco dias, e todos os padrinhos, familiares e amigos mais próximos resolveram se reunir, para ajudar os noivos a organizar os detalhes finais, eu não estava querendo ir, mas a Angel praticamente me arrastou, ela dizia que eu tinha que seguir em frente, e que apesar de estar preocupada, ela conhecia a irma, e sabia que ela não faria nada que viesse a prejudicar os filhos, e a si mesma. Ela estava sendo uma pessoa incrível, e uma amiga de verdade, o problema e que eu não conseguia deixar de lembrar daquela merda de pesadelo que eu tive com ela. mas mesmo assim ela conseguiu me tirar de casa. Nos reunimos na casa do Phil, a Brandy fez questão que cantássemos ao vivo na festa de casamento, eu relutei um pouco. mas acabei aceitando, ela disse que seria o melhor presente que ela poderia receber. A Angel tinha dado o vestido de noiva, já que ela trabalhava com moda para noivas. Depois de tudo acertado a Urbana reparou que a Brandy ainda não estava muito feliz, ela perguntou o que tinha acontecido, e se ela estava insatisfeita com algo, ela disse que estava preocupada com a Agatah, e disse que se mesmo que ela não voltasse a tempo, eu teria que entrar sozinho na igreja, por que ela não colocaria outra no lugar dela. A Angel sugeriu que ela tentasse ligar, mas do celular dela, que era um dos únicos que ainda não tínhamos tentado.
Ela ligou, chamou ate cair na caixa postal, em seguida mandou uma mensagem dizendo que era ela, e em seguida tentou novamente, no segundo toque ela atendeu, eu vi os olhos dela marejarem ao ouvir a voz da Agatah, alias, não só os dela.
AGATAH ON
Aquela mensagem ficou piscando na tela do aparelho despertando a minha curiosidade, como a curiosidade era maior, eu resolvi abrir a mensagem.
"Agatah, e a Brandy, eu preciso falar com você, por favor me atenda!"
Sorri ao ver a sua mensagem, ela era um amor de pessoa, e deveria estar desesperada, com receio de eu ter desistido de ser a sua madrinha. Com isso, quando o celular tocou novamente eu atendi.
-Brandy!<sorri>
-Agatah!... A meu Deus que alivio ouvir a sua voz, você sabia que todos estão preocupados com vocês?<dava para ouvir ao fundo que ela não estava sozinha>
-Me desculpa meu amor!... Deu para notar que você não esta sozinha ai né?
-Não, estamos tentando te ligar de todos os lugares, mas você nunca atendia!... Estamos todos aqui, o Zadeh, a minha sogra o meu sogro, a sua irma, cunhado, sobrinha, o Bruno!
-Tudo bem, faz o seguinte, coloca no viva voz?
-Claro!... Pode falar, já esta no viva voz!
-Eu sei que provavelmente todos vocês estão preocupados...
-PROVAVELMENTE?... EU QUASE FIQUEI LOUCA AQUI...
-Se você não me deixar falar, eu vou desligar!
-Angel espera, por favor!<pude ouvir o Bruno falar calmamente com ela>
-Bruno!
-Oi, eu estou aqui!... Eu estou preocupado, mas só de ouvir a sua voz eu já fiquei mais tranquilo!
-Eu recebi as suas mensagens!
-Por que você não respondeu?
-Por que, eu precisava de um tempo para mim!... Eu precisava olhar pela minha janela, e ficar tranquila comigo mesma!<sorri na intenção de disfarçar o meu choro>... E a minha janela aqui no Brasil, tem uma vista linda para o mar!
-BRASIL?... VOCÊ ESTAVA ESTE TEMPO TODO NO BRASIL?<pude ouvir a Angel gritar>
-Sim, eu pedi para que a Cida não falasse nada!... Bom, eu acho que a Brandy ligou para saber se eu vou voltar a tempo do seu casamento, correto?
-Sim, por favor diz que sim!<ela parecia já estar chorando>
-Sim, eu estou voltando em 3 dias!... A Angel, separe aquela ornamentação de cabeça que escolhemos para ela usar com o vestido de noiva, ela vai ficar perfeita!
-Pode deixar, eu separo sim!
-Obrigada!... Você e a melhor madrinha que eu poderia ter escolhido!
Consegui perceber que não só ela, como todos ficaram bem aliviados, eles perguntaram sobre o bebe e eu disse que ele estava bem, as crianças apareceram e fizeram literalmente uma festa ao telefone. Apos muita farra, e de certa forma matando a saudade, desligamos, eu terminei as papeladas, e tratei de comprar as passagens para voltar a Los Angeles. Eu liguei para a Demetria, e a avisei que voltaria em três dias, ela ficou mega feliz em saber que eu estava retornando. Apos deixar tudo em ordem na clinica, com secretarias novas, médicos novos e mais responsáveis, e um diretor que ao meu ver era bastante competente, estávamos prontos para retornar a nossa segunda casa.
Acordamos bem, hoje era dia treze de fevereiro, dia de voltar para casa, pois em dois dias seria o casamento, a Daiana já iria comigo, para ela ir se acostumando com o lugar, e com as pessoas, alem do mais, para ela conseguir trabalhar aqui tem que fazer uma reciclagem na universidade de medicina americana, e conseguir a autorização para clinicar. O nosso voo era no horário da manha, e pela hora que sairíamos daqui, chegaríamos la no inicio da noite, tratei de acordar todos bem cedinho para poder revisar as malas, e saber se não estavam esquecendo nada. Tudo pronto, revisados e arrumados, nos despedimos da Cida, pegamos um táxi e seguimos para o aeroporto internacional, onde encontramos com a Daiana, fizemos o check in, despachamos as malas, e em pouco tempo já estávamos nos despedindo mais uma vez do Brasil. A viagem estava mega tranquila, a Daiana e eu não paramos de conversar, e fazer planos para a clinica, as crianças foram como vieram, dormindo. Na minha conversa com ela no Brasil, eu tinha prometido que iria conversar com Bruno e tentar acertar a nossa situação, se fossemos de ser amigos seriamos somente amigo, e se fossemos de ficar juntos, agora teria que ser para sempre. Como previsto desembarcamos em Los Angeles, no inicio da noite. Fizemos o check out, pegamos as malas, e seguimos para o saguão, como eu tinha baseado um horário mais ou menos que chegaríamos, o Sr. Borges já estava a nossa espera.
-Dona Agatah, crianças, senhorita!<disse super cavalheiro como sempre>
-Sr. Borges!... Como passou estes dias?
-Muito bem, e a Senhora?
-Ótima!
-Provavelmente sim!... Desculpa o comentário, mas a senhora voltou mais bronzeada e jovial!
-Muito obrigada, o Sr, e um cavalheiro!
-Nossa que diferença de temperatura!<disse se encolhendo um pouco>
-O clima esta ameno minha querida!
-Nossa! ... Estou sentindo que vou virar um picolé!<sorrimos>
Ele acomodou as nossas malas no carro, a Sophia ficou na frente, enquanto a Daiana o Nick e eu seguimos no banco de traz. Era a primeira vez da Daiana em Los Angeles, ela já tinha ido a alguns outros lugares, mas aqui, era a sua primeira vez, e dava para ver pelo seu rosto que ela estava encantada com a cidade, que modéstia parte, e realmente linda.
-Liga não, uma hora você enjoa dela, e vai querer fugir assim como eu!<disse apos ver que ela não parava de olhar pela janela do carro>
-Jamais!... Acho que eu nunca mais vou querer ir embora daqui!
Devido o tempo estar muito bom por sinal, e a neve já ter derretido quase por completo, em pouco tempo já estávamos chegando em casa.
-Demetria!... Que saudades de você!<disse assim que entrei dei um beijo nela, coloquei a minha bolsa no sofá e praticamente me jogando nele>
-Também estava com saudades de vocês!<sorriu e abraçou as crianças>
-Esta aqui e a Daiana, ela vai morar aqui comigo por um tempo!< a apresentei>
-Muito prazer Daiana!
-O prazer e meu!
-Demetria, o que vai ter para o jantar?<sorri>
-Caramba mãe, a senhora comeu o voo inteiro!<disse Sophia implicando comigo>
-Você não sabe de nada!.. Dormiu o voo inteiro!<joguei uma uma almofada nela>
-Para mãe!<jogou a almofada de volta>
Matei um pouco da saudade da minha casa, pois apesar de gostar muito do Brasil, eu sou completamente apaixonada pela minha casa. Depois do jantar eu mostrei o quarto de hospedes aonde a Daiana ficaria, como já estava tarde ,resolvemos tomar um banho e dormir. Nos despedimos segui para o meu quarto, tomei um banho relaxante e me vesti, fui ate a janela para fechar a cortina que estava aberta, e antes de fecha-la, fiquei observando a paisagem de Los Angeles, e consecutivamente matar a saudades da sua janela, sorri ao constatar que ele estava em casa.
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