segunda-feira, 27 de maio de 2013

DEUS... MEU AMOR! CAP 16



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Eu a abracei ternamente sentindo o seu corpo colado ao meu, ainda tinha algo de especial entre nos, talvez fosse a grande amizade que existiu ou existe. Ela acomodou o seu rosto na curva do meu pescoço apertando o seu abraço a minha cintura, ficamos por uns segundos assim apenas sentindo um ao outro. Nos desvencilhamos calmamente, estendo a minha a ela que aceitou em um gesto de carinho, eu a acompanhei ate o seu quarto, onde nos despedimos novamente na promessa de que conversaríamos calmamente no outro dia. Ela entrou no seu quarto e eu segui para o meu, tomei um banho me troquei e deitei com um enorme sorriso que não fazia questão de fingir que estava ali.
AGATAH ON
Apos o susto de encontrar o Bruno na casa da minha mãe, passamos uma tarde muito agradável,  nem parecia que o mundo estava caindo sobre a minha cabeça. Nos conversamos brevemente, mas como eu estava muito cansada pedi para conversarmos mais amanha seguinte, nos despedimos e eu não aguentei tive que me acomodar novamente em seus braços, incrível que mesmo com o passar dos anos eu ainda me encaixava perfeitamente naquele abraço. Assim que nos desvencilhamos ele me ofereceu a sua mão em um gesto de aproximação  eu achei muito lindo da parte dele, afinal que fez a “burrada” foi eu.
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Eu peguei em sua mão e subimos as escadas em direção ao meu quarto. Eu estava me sentindo como uma adolescente fazendo coisa errada. Me despedi novamente na porta do meu quarto e entrei rapidamente, tomei um banho coloquei um pijama de calça e casaco pois os dias estavam muito frios. Me acomodei na cama me enrolando no edredom  me aconcheguei confortavelmente e acabei pegando no sono estava extremamente cansada. Acordei na madrugada com a impressão de ter alguém me chamando, olhei assustada para os lados, mas não vi nada, balancei a cabeça na tentativa de espantar qualquer pensamento negativo que já vinham a minha cabeça,tentei dormir novamente mas foi em vão  olhei no relógio que marcava 05:23 da manha.
 Me levantei calçando os meus chinelos segui ate a janela e olhando pela mesma eu encarei por uns segundos o jardim que estava lindo e iluminado, me lembrei de quando era pequena, todos os dia pela manha eu pegava uma flor do jardim para dar para a mamãe, apesar de ser do seu próprio jardim ela achava lindo o meu gesto  Fui ate o banheiro, peguei um hobbi que estava pendurado atras da porta, o coloquei e sai do quarto, desci vagarosamente , procurando emitir o minimo de barulho, abri a porta da frente e segui ate o jardim, olhei para as flores bem cuidadas e me sentei em um banco que a minha mandou colocar para ficar admirando as suas flores. Olhei para o seu e ele ainda estava bem escuro, estava limpo e sem nuvens o que fazia ficar ainda mais frio, fiquei imaginando se o transplante tinha dado certo se ele estava bem , estava muito preocupada com ele, não queria nem pensar na hipótese de perde-lo. Fui despertada dos meus pensamentos por um toque em meu ombro.
-Sem sono? <disse sorrindo e cara de sono>
-Preocupada, queria saber se deu tudo certo no trasplante, se ele esta bem se vai sair desta! <disse elevando o meu olhar para o céu >
-Olha eu tenho certeza que só ira acontecer o que Deus permitir! <disse sentando ao meu lado>
-Eu tenho fé … Como esta o Chris? <disse o encarando e mudando de assunto antes que eu chorasse>
-Esta no Hawaii com a minha mãe, ele foi passar as ferias por la! <disse sorrindo>
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Ficamos ali conversando e colocando todas as novidades em dia. Por um momento paramos para apreciar o nascer do sol, a cor alaranjada do céu era linda. ele apoiou o seu braço no meu ombro, e eu acomodei a minha cabeça no ombro dele. Ficamos ali só admirando o nascer do sol, somente eu ele e a natureza que eu tanto amo. Fomos interrompidos do nosso momento paz, pelo estridente som do telefone tocando dentro de casa, eu me levantei se segui ate o seu interior, peguei rapidamente o telefone, estava agoniada poderia ser do hospital.
-Alo! <disse assim que peguei o aparelho>
-Alo bom dia e do Massachusetts General Hospital, eu gostaria de falar com a senhora Agatah Oliveira, e sobre o estado de saúde do senhor Carlos Oliveira! <disse a recepcionista educadamente>
-Sou eu mesma, pode falar! <disse aflita>
-O doutor trevor esta pedindo que a senhora compareça imediatamente aqui no hospital! <disse ainda calma>
-Eu já estou indo, chego ai em 20 minutos! <disse e desliguei>
-O que houve Agatah? <disse parecendo preocupado>
-Era do Hospital e eles querem que eu vá imediatamente para la, não me deram detalhes, mas temo que seja o pior! <disse seguindo para as escadas>
-Não sera!… Vai se trocar, eu também vou, irei te levar, não te deixarei ir sozinha neste estado, você esta tremendo! <disse me acompanhando>
-Você não precisa se….
- O tempo que você esta ai falando já estava se trocando! <disse assim que terminamos de subir as escadas>
Ele seguiu rapidamente para o quarto dele e eu para o meu, me troquei colocando qualquer coisa nem reparei no que era, só vesti, coloquei a minha documentação chaves e celular na bolsa, e sai do quarto rapidamente. Assim que cheguei na sala ele já estava com a porta aberta me esperando, eu parei por um segundo olhando para o nada, eu estava com medo do que poderia ser, estava receosa, não queria nem pensar em perder o meu marido que era o meu amigo e companheiro.
Fui despertada pelo Bruno balançando as chaves do carro, eu olhei para ele piscando algumas vezes e continuei o meu caminho. Ele abriu a porta do carro para mim, me acomodei e ele entrou no lado do motorista, ele me perguntou o endereço e eu disse que iria lhe dando as coordenadas. Alguns minutos depois estávamos na porta do hospital, me identifiquei na recepção e me encaminharam ate a sala de espera, onde o Bruno ficou o tempo todo comigo. Ficamos alguns minutos naquela sala agoniante ate que o doutor Trevor veio pessoalmente falar comigo.
-Agatah, eu gostaria que você me acompanhasse! <disse abrindo a porta>
-Como ele esta Dr. Ocorreu tudo bem com o transplante? <disse me levantando>
-Apenas venha Agatah! <disse e saiu>
-Você me espera aqui? <disse deixando a minha bolsa com ele que concordou com a cabeça>
Segui o Dr. ate o quarto da UTI em que o Carlos estava, ele abriu a porta me dando passagem, ele me deu uma mascara e eu entrei. Ele não estava mais ligado a nenhum aparelho, estava somente com uma mascara de oxigênio, estava acordado e olhando para a porta, ele tinha uma expressão vazia, me aproximei dele tocando a sua mão, ele desviou o olhar para mim e sorriu retirando a mascara.
-Me…Perdoa? <disse com dificuldade>
-Perdoar o que meu amor!… Você não fez nada de errado! <disse o encarando já sentindo os meus olhos marejarem>
-Eu te prometi algo… E eu não vou cumprir! <disse com pausa puxando o ar>
-Você cumpriu com tudo Carlos, você me fez feliz e me deu uma família linda! … Você cumpriu tudo! <disse já chorando>
-Eu prometi… Que seria pra sempre!… Mas para mim… Não da mais! <disse com muita dificuldade>
-Amor… Você lembra da musica que cantamos um para o outro no dia do nosso casamento?… Ela ainda diz exatamente o que eu sinto por você!  <disse alisando o seu rosto, ele balançou a cabeça em concordância e com muita dificuldade ele começou a cantar>
-Quando eu te olhar… Assim…<disse com dificuldade>
-…Pode esperar de mim…<eu continuei>
-…A declaração… De amor mais linda…< cantou olhando em meus olhos>
-…Que você já pôde ouvir…<sustentei o seu olhar>
-…Quando eu disser…: “Te amo”… <disse suspirando>
-…Creia que eu não te engano<disse beijando a sua mão >
-…E ainda é pouco pra expressar
O amor que eu vou levar em mim
Por toda a vida
Que maior prova de amor eu posso te dar?<eu reparei que ele nao cantara mais comigo> -Não Carlos… Não…Não me deixa, por favor! …Não faz isso comigo pelo amor de deus! <disse colocando a minha cabeça em seu peito, eu chorava muito, e eu já não escutara mais o som que eu ouvia a anos, o seu coração havia parado>
-Não faz isso comigo, volta, volta para mim Carlos não me deixa agora, nos lutamos tanto , você lutou tanto! <disse ainda recostada em seu peito>
Senti uma mão em meu ombro, eu olhei e era o doutor Trevor, ele me encarou e pegou em meu braço me fazendo levantar, eu olhei para ele que já não tinha mais expressão, o meu marido e companheiro de anos havia me deixado. Eu olhei para o lado e vi alguns enfermeiros no necrotério entrarem, eu sabia que eles iriam leva-lo.
-Não, ainda não, deixa eu me despedir do meu marido primeiro, não leva ele agora, por favor não! <disse voltando a abraçar o seu corpo que esfriava gradativamente>
-Não Agatah nos temos que sair, eles tem que fazer o procedimento necessário e você sabe disso!<disse pegando em meu braço novamente e me puxando para fora do quarto>
-Não!… Ele e meu marido, eu quero ficar com ele ate o fim! <disse tentando sair do seu braço mas outro enfermeiro me segurou também >
-Agatah!… Ja acabou! <disse e me colocaram para fora do quarto>
Eu fui praticamente jogada para fora da sala, me encostei na parede com as mãos no rosto sentindo o meu corpo deslizar por ela e em seguida tocar o chão eu chorava muito, eu não tinha chão dobrei os meus joelhos me sentindo sozinha e sem vida assim como ele. Ouvi passos rápidos em minha direção e um abraço quente tomar conta de mim, recostei em seu ombro deixando sair tudo o que estava preso a 2 anos.
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-Ele foi embora, me deixou para sempre! <disse aos prantos em seu ombro>
-Shiiiiiiii!! Não fala nada, chora coloca tudo o que esta ai dentro para fora!… Eu estou aqui eu te disse que sempre estaria com você  <disse afagando os meus cabelos>
Permanecemos ali por uns 10 minutos basicamente, apos este tempo a porta do quarto se abriu e eles levaram ele corredor afora, eu olhei ele sendo levado sem vida, era a ultima imagem que eu teria dele, me desesperei mais uma vez. Apos me acalmar novamente, o Bruno se levantou esticando a mão para mim, eu a segurei mas sem forças não levantei, ele se agachou me ajudando a levantar, caminhamos lentamente ate a saída do hospital. Um tímido sol queria se fazer presente, era irônico no dia em que eu chorava o céu sorria. Seguimos ate o carro que estava no estacionamento, ele abriu a porta para mim novamente, eu estava estática o meu marido havia acabado de partir em meus braços. Ele deu a volta e entrou no lado do motorista, colocou a minha bolsa no banco traseiro e deu a partida desligando em seguida.
-Você quer ir pra casa, ou quer ir a algum outro lugar antes?<disse pegando em minha mão >
-Sera que você poderia me levar a uma floricultura, ela fica no caminho de casa, quando estivermos próximos eu te aviso! <disse olhando para as nossas mãos dadas e a puxando calmamente das dele>
Ele me olhou nos olhos e eu desviei de seu olhar, ele transmitia piedade e isso era tudo o que eu não precisava agora. Olhei para fora, e as coisas passavam rapidamente por mim, mas no meu interior estava tudo parado, paralisado na verdade. Alguns minutos depois eu indiquei a rua que ele deveria entrar e logo chegamos a floricultura, ele estacionou e perguntou se eu queria que ele fosse comprar as flores, eu agradeci e disse que eu mesma iria, peguei a minha bolsa e abri a porta do carro, fiz mesão em sair mas fui impedida, eu não conseguia, não tinha forças para sair , estava fragilizada fisicamente. Fechei a porta do carro me recostando novamente no banco do carona, ele me olhava serenamente mas com um tom de preocupação em seu olhar.
-Eu queria flores do campo se fosse possível …As mais lindas por favor! < disse seria >
Abaixei a cabeça para mexer na minha bolsa iria pegar o dinheiro, mas antes que eu pudesse pegar ou dizer mais algo, ele saiu do carro indo para o interior da loja. Eu respirei fundo, e imediatamente as lagrimas se fizeram presente em meu rosto novamente, eu não queria acreditar que ele tinha ido embora, depois de tanta luta de tanto sofrimento, ele tinha partido.
BRUNO ON
Quando eu a vi caída no chão aos prantos no corredor daquele hospital, o meu coração se fez em pedaços, ver a mulher que eu amo naquele estado me deixava acabado. Eu fui ao seu encontro, ela estava muito abalada, e quando ela viu o corpo dele sendo retirado do quarto ela entrou em desespero. Apos muita luta eu consegui convence-la de ir embora. Seguimos para o meu carro e ela me pediu que eu a levasse a uma floricultura, assim que chegamos ela ia sair mas não sei por qual motivo mas ela não conseguiu e pediu que eu comprasse flores do campo para ela. Eu lembro que ela amava rosas brancas, não entendi a mudança mas a respeitei. Sai do carro e assim que entrei na loja pedi que a jovem atendente me fizesse um lindo buque de flores do campo. De dentro da loja eu podia vê la aos prantos dentro do carro, ela sempre foi uma mulher muito forte, mas eu entendo o seu desespero, e muito ruim a perda de uma pessoa querida.
Apos receber o buque eu segui para o carro e assim que ela percebeu a minha aproximação ela secou as lagrimas tentando fingir que estava tudo bem. 
-Estas estão boas? < disse a entregando as flores>
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-Sim perfeitas, muito obrigada!… Por favor deixe eu pagar por elas? < disse mexendo na sua bolsa novamente>
-Não por favor!… Aceite como um presente! <disse dando a partida no carro novamente>
-Muito obrigada!< disse sentindo o perfume das flores>
Seguimos o nosso caminho ate a casa da sua mãe. Durante todo o percurso ela permaneceu imóvel e completamente muda. Não me restava outra opção a não ser respeitar o seu silencio que era algo que estava me incomodando profundamente. Ela sempre foi uma mulher alegre e de bem com a vida, foram poucas as vezes que a vi triste, chorando então, eu acho que nunca. Apos alguns minutos mais estacionei na porta da casa da sua mãe, ela saiu do carro rapidamente e estrou em casa, eu sai em seguida tentando acompanha-la mas ela foi mais rápida entrando e subindo as escadas.  

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