segunda-feira, 27 de maio de 2013

UMA LUZ INTENSA CAP -17



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Assim que adentrei a sala a Angel estava de pé com a expressão aflita olhando para a escada, o Kam estava sentado ao seu lado e também olhando em direção a mesma.
-O que aconteceu com ela Bruno? < disse me encarando>
Eu olhei fixamente para ela, me aproximando calmamente, eu parei a sua frente, estava tenso, não sabia como eu iria falar para ela, e qual seria a sua reação, me aproximei do sofá onde ela estava parada, ela me encarava com uma expressão confusa. Preferi não ficar de rodeios e falar logo a verdade.
-O Carlos faleceu Angel! <disse me sentando no sofá a minha lateral>
-Deus!< disse se sentando e cobrindo o rosto com as mãos  -A minha irma deve estar acabada!
-Calma amor se controla, ela precisa que você esteja bem, agora e não neste estado! < disse Kam a abraçando de lado>
-O que ouve, o que esta acontecendo aqui? < disse dona Beatriz adentrando a sala>
-Cade as crianças mamãe? <disse limpando as lagrimas >
-Elas estão la dentro, jogando aquele negocio barulhento!… Mas por que você esta chorando Angel?< disse aproximando as suas tremulas mãos de seu rosto>
-O Carlos morreu mamãe! < disse retomando o choro>
A Don. Beatriz simplesmente olhou para a Angel, arqueou a sobrancelha, respirou fundo soltando o ar pesadamente em seguida, ela deu um abraço na Angel e pediu que ela parasse de chorar, e se mantivesse firme pois a irma precisaria dela.
-Onde esta a Agatah? < disse se desvencilhando dela>
-Provavelmente ela esta no quarto! < eu respondi>
-Ótimo!… Angel minha filha, liga para o Brasil e avisa o ocorrido para a irma dele! …E vocês dois, por favor, vão cuidar da liberação do corpo!… Ele sera enterrado aqui! < disse subindo vagarosamente as escadas>
AGATAH ON
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Apos o desespero de ver o meu marido morrer em meus braços, e a sensação de impotência diante de tudo, me senti um nada, eu sendo medica, não poderia fazer nada para ajudar o meu Carlos. O Bruno esteve o tempo todo comigo, me dando apoio e suporte, ele estava se mostrando ser um grande amigo. Assim que chegamos em casa, eu levei o meu buque de flores para o meu quarto, assim que entrei retirei os meus sapatos, coloquei a minha bolsa em um sofá que havia próximo a minha cama. Repousei o buque em um dos lados da cama, o lado em que ele dormiu nas vezes em que viemos visitar a mamãe. Me deitei no lado oposto encolhendo o meu corpo e sentindo um vazio enorme no meu peito. Ador da perda me corroía por dentro, só de imaginar que eu acordaria e não o veria mais, na realidade eu já nem, sabia como era fazer outras coisas sem ele. Vivi dois anos em função da doença dele, das dependências dele, mas eu não reclamava e nem nunca reclamei, ele não era o homem que eu amava, e nem que tinha escolhido para ser pai dos meus filhos, mas era ele que estava comigo em todos os momentos. Fui despertada dos meus pensamentos com a porta se abrindo.
-Eu não quero ver e nem falar com ninguém  < disse segurando o choro, poderia ser um dos meus filhos e eu não queria que eles soubessem ainda>
-Nem com a sua velha meu amor? < disse vindo ate a cama e sentando ao meu lado apos fechar a porta>
-Mamãe!…Ele me deixou, o Carlos me deixou! < disse aos prantos novamente me aconchegando em seus braços >
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-Calma meu amor, foi a vontade de Deus, você pode ter certeza disso, e pensa bem, ele estava sofrendo tanto, foi melhor assim meu amor, agora ele esta descansando! < disse acariciando os meus cabelos> 
Ela ficou conversando comigo e me consolando, já tínhamos passado por um momento muito triste com o falecimento do meu pai. Ficamos por um bom tempo ali, as vezes falando algo e as vezes simplesmente caladas. Fomos interrompidas pela porta se abrindo, e a Angel entrando com uma bandeja que continha um copo de suco e uma taça de salada de frutas. Eu não estava a fim de comer nada, estava sem fome. Mas como toda boa mãe, como sempre ela me fazia comer com vários argumentos diferentes. Me sentei e consegui convence-la a me deixar tomar somente o suco. Apos isso ela se levantou e disse que iria pedir que me fizessem uma comida bem leve para que comesse algo no almoço.
-Quando você vai contar as crianças? < disse Angel me encarando>
-Eu ainda não sei, estou muito abalada para falar algo com eles agora! …Eles precisam de mim forte, e não fragilizada como estou!< disse a encarando>
-Mas você não pode esperar muito, ele morreu hoje ok, mas ele sera enterrado logo! 
-Eu sei!… Sera que você poderia falar com eles para mim?
-Não seria justo, você tem que falar com eles Agatah!
-O que aconteceu mãe, falar o que?< disse Sophia entrando no meu quarto e logo se sentando na cama>
-Acho melhor deixar vocês a sós! < disse Angel se levantando>
-Por favor minha irma, chama o Nícolas pra mim, eu não quero ter que falar duas vezes! < disse a encarando>
A Angel saiu do quarto, a Sophia olhou para mim, e em seguida correu os seus olhos pelo quarto, ela não era boba, e me conhecia muito bem, sabia que o estado de saúde do pai era delicado.
-Engraçado!…Não tem tantos buques aqui, mas o perfume das flores do campo e tão intenso que parece que estou rodeada de milhões delas! <disse se levantando e indo ate a janela>
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-Oi mãe, o que a senhora quer falar comigo ?…Olha, eu não sei o que e, mas e mentira, a senhora não pode acreditar nela! <disse apos ver que a irma também estava no quarto>
-Nícolas!… Eu não vou, e não quero brigar com vocês …Sentem aqui comigo! < disse batendo onde eu queria que eles se sentassem>
Nícolas se sentou, mas a Sophia continuou na janela, ela parecia fixada em algo. Eu me levantei e fui ate ela, a minha filha e muito sensível, forte quando necessário,  por isso sei que ela desaba em silencio. Me aproximei dela e ela estava chorando, não emitia nem um “ai”, eu parei a sua frente a puxando para um abraço.
-O que esta acontecendo < disse Nícolas se levantando e vindo ate nos>
-O transplante do pai de vocês não deu certo!… Não foi a tempo, infelizmente! < disse ainda abraçando a Sophia>
-A senhora esta dizendo que o meu pai morreu?… E isso mesmo mãe o meu pai morreu? < disse arqueando a sobrancelha e me encarando>
-Sim meu amor, mas eu estou aqui com..
-NÃO ME INTERESSA!… EU QUERO O MEU PAI!… O MEU PAI, E ELE QUE EU QUERO E NÃO A SENHORA!< disse chorando>
O seu rosto mudou drasticamente, ele não tinha mais aquele olhar doce, e sim uma fúria muito grande. Ele olhou para o lado e viu os vasos onde estavam as minhas flores, ele pegou um dos vasos o tacando com muita força no chão  ele quebrava um por um, ele estava completamente transtornado. A Sophia vendo que ele estava descontrolado ,se afastou de mim e o olhou seriamente enquanto ele quebrava os vasos pelo quarto, eu estava estática,  pedia para que ele parasse mas parecia que ele não me ouvia. Em um certo momento ele parou e nos olhou seriamente.
-VOCÊ ESTA MALUCO?… PERDEU A NOÇÃO  …POR QUE ISSO?… PARA QUE ISSO?… POR ACASO ISSO VAI TRAZER O PAPAI DE VOLTA? … E TRATAR A MAMÃE DESTE JEITO, PARA DE LOUCURA NICOLAS! < disse aos berros>
-NÃO FALA ASSIM COMIGO!… SE VOCÊ NÃO VAI SENTIR FALTA DO PAPAI, O PROBLEMA E SEU!… EU O AMAVA! < disse chorando muito>
-EU TAMBÉM O AMAVA!… EU O AMO, MAS EU TAMBÉM AMO A MAMÃE, E SEI QUE ELA ESTA PRECISANDO DE NOS! < disse o encarando>
-Chega por favor! … Vocês são o que eu tenho de mais importante agora não quero que fiquem brigando!… Você esta sangrando Nícolas  < disse vendo os seus pés cortados>
Me aproximei calmamente, dele tomando cuidado com os vidros no chão,  olhei para a porta e vi a Angel instruindo a Sophia, para que passasse por cima da cama e saísse do quarto com ela. Eu pedi que ela pegasse alguns curativos e levasse no quarto deles para mim, causei os meus saltos, e segui ate ele o pegando em meus braços e o levando ate a porta, retirei os sapatos o pegando novamente para que os vidros não entrassem mais em sua pele, e ficasse mais difícil de retira-los.
-Esta doendo muito? < disse assim que terminei de retirar o ultimo pedaço de vidro>
-Não! < disse seco>
Terminei de fazer os curativos e o ajeitei na cama, ele seguiu ate o meio da mesma abaixando a cabeça retomando um choro contido, eu alisei a sua cabeça e quando ia me retirar ele segurou a minha mão me puxando para perto de si, me sentei ao seu lado e ele apoiou a sua cabeça em meu colo. Ele soluçava de tanto chorar, olhei para o lado e vi a Sophia entrando no quarto ela seguiu ate ele apoiando a sua mão em suas costas.
-Me desculpa “So”, eu não queria ter gritado com você … E nem com a senhora mamãe! < disse enquanto eu alisava seu rosto>
Nos nos abraçamos e ficamos ali por um tempo incalculável  precisávamos um do outro agora. Só tínhamos um ao outro agora.
BRUNO ON
Kam e eu seguimos novamente para o hospital, e no caminho ele me contou que o Carlos não tinha família, alem de uma irma e uma sobrinha, ele disse que ele a irma tinham sido adotados quando ainda eram bem pequenos, os pais adotivos deles eram empresários, e eram muito bem de vida, mas apesar de todo o dinheiro que eles tinham, eles não conseguiram ter filhos, nem por inseminação. Então resolveram adotar. Mas a alguns anos eles tinham morrido em uma tentativa de assalto, e eles herdaram tudo dos pais adotivos, Carlos assumiu os negócios da família  Eu fiquei bem surpreso com tudo que o Kam havia me contado, e só me fez ter uma certa admiração pelo cara. Assim que chegamos no hospital, nos identificamos na recepção e fomos encaminhados ate a parte do necrotério do hospital,  tínhamos que esperar pela liberação do obituário. Um dos enfermeiros perguntou se queríamos entrar para ver o corpo, o Kam na hora se manifestou negativamente, confesso que eu queria vê lo, queria olhar para o homem que cuidou, e esteve com o amor da minha vida por todos estes anos, e a fez feliz como eu não pude, mas afastei estes pensamentos e decidi recusar. Fomos informados que a liberação iria demorar pelo menos 2 (dois) dias, pois eles iriam ter que fazer alguns procedimentos de praxe. O Kam ligou avisando, e a Angel disse seria melhor assim, e que daria tempo para a irma dele chegar do Brasil. Assim que o obituário foi emitido, e que já estava tudo resolvido seguimos para casa.
Eu não tinha visto a Agatah desde quando chegamos pela manhã, eu estava preocupado com ela , pois não tinha descido para o jantar. A Angel contou como tinha sido a reação do Nícolas ao saber da morte do pai, eu imaginei como ela teria ficado arrasada. Pensei em ir falar com ela, mas a Angel disse que ela estava com os filhos no quarto, então decidi deixa-los, eu teria outra oportunidade de falar com ela. Ficamos por um bom tempo ainda na sala conversando,  a Angel estava ao telefone acertando mais alguns detalhes para o dia do sepultamento dele. Apos isso eles decidiram ir dormir, ou tentar como disse a Angel.
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Eu também decidi subir, e antes que eu pudesse entrar no meu quarto vi a Agatah saindo do quarto dos filhos, ela me olhou seria e veio apressadamente em minha direção me abraçando muito forte, no qual eu retribui, ela pegou em minha mão apos nos desvencilharmos, ela me agradeceu pelo apoio, e disse que estava se sentindo curiosamente mais segura com a minha presença na casa, eu a abracei novamente dando-lhe um beijo em sua testa, disse para que ela fosse descansar pois ela tinha tido um dia muito pesado, ela me abraçou novamente e disse que iria tentar. 
-Qualquer coisa,estou no quarto ao lado! < disse ainda segurando a sua mão >
-Sem duvidas, baterei a sua porta se precisar! < disse sorrindo fraco>
-E se não precisar também ! … Vai dormir, tenta descansar! < disse observando ela entrar em seu quarto>
Assim que ela entrou, eu segui para o meu quarto, tomei um banho coloquei algo confortável  liguei a TV e fiquei assistindo um filme qualquer ate ser tomado pelo sono.
AGATAH ON
Fiquei o final da manha, a tarde e a noite com os meus filhos no quarto, eles desceram para almoçar e jantar, mas eu preferi ficar no quarto, não estava a fim de comer nada. Apos eles dormirem eu decidi ir para o meu quarto, pois já tinha sido avisada que ele estava limpo. Sai calmamente do quarto para não acorda-los, e dei de cara com o Bruno no corredor, ele estava me encarando seriamente, eu andei rapidamente em sua direção lhe surpreendendo com um abraço forte ,que só nos sabíamos dar um no outro, ele disse que eu tentasse dormir, e apos algumas trocas de palavras eu entrei em meu quarto, tomei um banho colocando uma camisola, me deitei e apos rolar inúmeras vezes na cama acabei adormecendo  Me incomodei com um enorme clarão dentro do meu quarto, olhei no relógio que marcava 05:23 da manhã, me virei para frente e vi uma luz muito intensa a beira da minha cama, enquanto ela se dissipava gradativamente, pude ver a imagem do Carlos que se formava com a diminuição da luz, olhei fixamente para ele que estava lindo, forte e muito viril assim como eu o havia conhecido.
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Apesar da não ver a sua boca se movimentar, eu podia ouvir claramente a sua voz. “Quando você me chamar eu vou até você, não importa aonde estiver estarei lá para te ajudar, nos seus dias de aflição te estenderei minha vida, compartilharemos os mesmos sentimentos, até sua terrível dor se findar. Não importa como se sinta eu vou estar lá por você, mesmo que não acredite contigo eu vou caminhar. Minha queria, eu levei o seu segredo comigo, não leve ele com você também, não minta mais, seja honesta com você mesma e diga ates que seja tarde demais, e que o perdão seja mais difícil. Não se prive mais, não deixe que a sua felicidade escoe pelas suas mãos.  Eu sei que você estava comigo e me amava como eu a amava, mas eu sei que o seu coração sempre foi dele, não cometa o mesmo erro, seja honesta consigo e com o seu coração!”

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